quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Boa forma das “celebridades” atormenta mulheres comuns

No final do ano passado, um estudo feito pelo The Royal College of Midwives (Escola Real de Parteiras) e pelo site Netmums, na Inglaterra, com 6.626 mães, revelou que 60% destas mulheres se sentem pressionadas quando vêem mães famosas "super magras", poucos dias depois do parto.

Recentemente, os cirurgiões plásticos americanos divulgaram a relação de celebridades “que mais inspiram a aparência solicitada por seus clientes”. A pesquisa, conhecida como America’s Body Annual Most Wanted, é divulgada em Beverly Hills. Neste ano, os “destaques” foram a modelo Gisele Bündchen e o ator Mark Wahlberg.

No mundo real...

“Observamos que o desejo de transformar-se numa outra pessoa é quase uma ‘epidemia’ nos Estados Unidos. No Brasil, a coisa não é muito diferente. Uma análise mais profunda dos atributos das outras famosas citadas na pesquisa americana - Jennifer Aniston, Penélope Cruz, Scarlett Johansson, dentre outras - nos faz, criar um padrão de beleza absolutamente estreito, previsível, escravizante, impossível de ser atingido por muitas mulheres”, observa o cirurgião plástico Ruben Penteado, diretor do Centro de Medicina Integrada.

São os desejos impossíveis de beleza que geram listas, como a publicada pelos cirurgiões plásticos americanos e outra, publicada pelo site Daily Beast, reunindo os tratamentos estéticos mais exóticos, que reúnem “implantes” de covinha e encurtamento de dedo do pé. “A plástica é o único tipo de cirurgia que o paciente é que pede para fazer. Mas não é só porque ele quer, que vai fazer. O médico tem que agir como uma espécie de moderador dos desejos do paciente”, diz o cirurgião, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Obsessão pela perfeição atinge seriamente os mais jovens
Nancy Etcoff, psicóloga da Universidade Harvard, autora do livro A lei do mais belo, defende esta obsessão pelo modelo de beleza, pela celebridade começa muito cedo. Crianças e adolescentes, atualmente, estão mais preocupados com a aparência do que em qualquer outro período da história. Os americanos cunharam a expressão “geração diva” para definir os jovens e os adolescentes tomados pelo ideal da perfeição física.

O imperativo da beleza atinge todos os grupos sociais, e cada um gasta o que pode. Uma pesquisa encomendada pela Associação Cristã de Moços, nos Estados Unidos, descobriu que garotas pobres estão gastando em produtos e tratamentos de beleza um dinheiro desproporcional. Economizado, ele poderia garantir o pagamento da universidade e o futuro profissional dessas garotas.

“No Brasil, os adolescentes também sofrem muito com a aparência e a imagem que fazem de si mesmos por causa da diversidade e das misturas raciais, que produzem biotipos diferentes do padrão europeu, muito valorizado por eles”, afirma Ruben Penteado.

O que não é possível “mudar”

Entre a foto da celebridade e o centro cirúrgico, está o cirurgião plástico, que hoje, tem um papel muito importante: o de realizar apenas os desejos possíveis e o de orientar o paciente a tomar a decisão mais acertada. “O Brasil, que nasceu e cresceu mestiço, é cheio de todas elas. Somos pródigos em tipos de belezas”, diz o médico, que a seguir, comenta o que não é recomendável fazer, na tentativa de tornar-se mais belo:

• A covinha de “X” ou “Y” – em geral, os cirurgiões plásticos não aceitam ir para o centro cirúrgico só para fazer covinhas, mas elas podem fazer parte de uma ritidoplastia. “O cirurgião tem que criar uma depressão na bochecha e dar um ponto para segurar a pele. É preciso saber que enquanto as covinhas naturais só aparecem quando a pessoa sorri, as criadas pelo cirurgião plástico ficam ali o tempo todo”, explica Ruben Penteado;

• Cirurgia para transformar a barriga num “tanquinho” – “Não existe nenhum cirurgia para deixar os músculos da barriga marcados, simulando os resultados de anos de abdominais. Explicamos sempre aos pacientes que procuram este tipo de ‘procedimento mágico’ que o recomendável é fazer uma lipoaspiração normal e, depois, tentar malhar para conquistar ‘o tanquinho’”, diz o médico;

• Lipoaspiração nos tornozelos – o procedimento existe, mas não funciona. “O cankle (tornozelo gordo) está presente quando o diâmetro inferior da perna e o do tornozelo se aproximam do diâmetro da parte superior da perna, o que dá ao conjunto uma aparência desproporcional. Em geral, este desenho do corpo é geneticamente pré-determinado, mas o problema se agrava com o ganho de peso. Esta região do corpo, por se tratar da extremidade inferior, costuma acumular mais líquido do que gordura. As mulheres, especialmente as obesas e aquelas que sofrem de problemas vasculares como varizes, têm maior tendência a estes acúmulos devido à ação de seus hormônios. Portanto, uma intervenção cirúrgica nesta região pode, por conta do traumatismo causado, piorar ainda mais a situação”, explica o médico;

• Seios mais belos, injetando ácido hialurônico – talvez, este seja um dos tratamentos mais “revolucionários” que chegaram ao mercado recentemente, não só para aumento dos seios, mas para o aumento de bumbum e panturrilhas: a injeção de ácido hialurônico. “O produto já era usado em larga escala para tratamento de rugas e outros tipos de depressões da pele. O ácido é um polímero absorvível, mas, na década de 2000, foram criados diferentes polímeros, indicados para o tratamento de depressões maiores e sequelas mais profundas. Infelizmente, algumas pessoas passaram a usar esta nova composição do ácido também para o aumento dos seios, o que não é um procedimento seguro. Por ser relativamente nova, a técnica precisa passar por estudos científicos que irão avaliar se ela pode ou não ser usada neste tipo de procedimento, sem colocar em risco a saúde do paciente”, diz o cirurgião plástico.

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