domingo, 13 de março de 2011

Estudo com mulheres analisa hipertensão e trabalho: A pesquisa mostra que raça, idade, renda, estado civil, número de filhos e apoio no trabalho são fatores que interferem na prevalência de hipertensão

Na semana em que se celebra o Dia Internacional da Mulher (8/3), uma pesquisa desenvolvida na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) mostra que raça, idade, renda, estado civil, número de filhos e apoio social no trabalho são fatores que interferem na prevalência de hipertensão arterial em mulheres que trabalham fora. O estudo analisou a ocorrência do estresse no trabalho, da hipertensão arterial e da associação entre ambos na população feminina do Estudo Pró-Saúde - estudo longitudinal de funcionários técnico-administrativos de uma universidade no Rio de Janeiro - e resultou na tese de doutorado de Márcia Guimarães de Mello Alves.
No Brasil, as doenças cardiovasculares em mulheres constituem a
principal causa de mortalidade e a segunda causa de internação hospitalar
A pesquisa entrevistou 1.819 mulheres e seu objetivo inicial foi apurar a relação entre trabalho e hipertensão feminina. As entrevistadas tinham de classificar o perfil do trabalho que fazem em pouca demanda psicológica ou muita demanda psicológica. Esta última opção, já comprovadamente mais danosa e influente na pressão arterial, de acordo com a autora da tese, refere-se àqueles serviços em que as mulheres teriam pouca possibilidade de controle, ou seja, não tinham suas opiniões respeitadas, pouco espaço para sugerir mudanças e para definir diretrizes.

"Este perfil de serviço de alta exigência foi assinalado por 21% das participantes. Curiosamente, além das hipertensas estarem em maior número neste grupo, também foi significativamente maior a presença - em diferença estatística de quase duas vezes - daquelas que não praticavam nenhuma atividade física, das que consumiam álcool de forma moderada ou alta, das fumantes e das com sobrepeso", lembrou Márcia.
Além disso, o apoio social no trabalho, a ocupação, o local de trabalho e o tempo em que se desempenhava a mesma função apresentaram interferência na prevalência da hipertensão arterial. "Essas mulheres são principalmente pardas ou negras e possuem menor escolaridade e renda, características associadas à maior chance de hipertensão arterial. Assim, torna-se necessário aprofundar as investigações que avaliem a participação conjunta dessas características no desenvolvimento da hipertensão arterial".
Ainda de acordo com Márcia, o aumento da participação feminina no mercado de trabalho e a carência de estudos sobre estresse no ambiente de trabalho e hipertensão arterial nessa população reforçam a importância da tese. "No Brasil, as doenças cardiovasculares em mulheres constituem a principal causa de mortalidade e a segunda causa de internação hospitalar. Dessa forma, os resultados dessa investigação apontam a necessidade de novas pesquisas sobre o mesmo tema, levando em consideração alguns aspectos que não puderam ser abordados na fase atual do estudo, além da necessidade de uma investigação longitudinal, na qual tanto o estresse no trabalho quanto outros momentos da vida feminina, além do profissional, possam ser considerados".
Agência Fiocruz

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