segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Genéricos ainda são vistos com restrições pelos médicos


A população economiza e está satisfeita com esses medicamentos, ao contrário dos médicos, aponta pesquisa da PROTESTE.

Pesquisa realizada pela PROTESTE Associação de Consumidores e divulgada hoje, revela que a população confia nos genéricos e chega a pedir para os médicos prescrevê-los. Mas parte da classe médica ainda tem dúvidas sobre esses remédios por conta do processo de avaliação da qualidade e falsificação.

Para 45% dos médicos que participaram da pesquisa o processo de avaliação e controle de qualidade dos genéricos é menos exigente do que o que ocorre com os medicamentos de marca. E 44% deles acreditam que esses remédios sofrem mais falsificações. Ainda assim, 92% deles afirmaram ter recomendado o medicamento no último ano para reduzir o custo de tratamento ou a pedido do paciente.

Uma boa parte dessa parcela de profissionais da saúde não concordou com a ideia de os genéricos serem tão eficazes (30%), nem de terem a mesma segurança (23%) que os remédios de referência. Quase metade (42%) afirmou não ter o hábito de prescrevê-los.

Os farmacêuticos influenciam os consumidores na hora de comprar os genéricos, pois, segundo 88% dos entrevistados, pelo menos uma vez, esses profissionais sugeriram a substituição do remédio prescrito por um genérico.

Os genéricos existem desde 2000 e representam 21% das vendas de remédios, porcentagem ainda pequena, porém, só no primeiro trimestre de 2011 os genéricos tiveram um aumento de 32% nas vendas, estimulados pela priorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de registrar e avaliar primeiramente os genéricos.

Para 83% dos consumidores entrevistados os genéricos são tão eficazes quanto os medicamentos de referência, e para 80% deles, apresentam inclusive a mesma segurança. A opinião dos entrevistados não mudou quando perguntados se fariam uso dos genéricos para tratamento de doenças de diferentes tipos de gravidade. Cerca de 90% dos entrevistados afirmaram também que é fácil encontrar os genéricos nas farmácias.

Foram entrevistados 690 adultos, de 18 a 64 anos, e 119 médicos entre abril e junho de 2011, para saber o que as pessoas pensam, como agem, se comportam e quais suas experiências com esses medicamentos.

A pesquisa foi divulgada no IX Seminário Internacional de Defesa do Consumidor, promovido nesta terça-feira em São Paulo. No evento também foi lançada a ProTeste Saúde nova publicação mensal que pretende levar aos mais de 250 mil associados muito mais informação a respeito de dois temas que sempre fizeram sucesso entre os leitores da revista PROTESTE: saúde e nutrição.
Com essa publicação, que não é vendida em banca e nem tem publicidade, a PROTESTE espera contribuir para que o consumidor faça escolhas adequadas para a sua vida, indicando opções acertadas para trazer mais saúde e bem-estar.
Regularmente, a revista trará estudos e pesquisas sobre o comportamento dos consumidores no que diz respeito a questões importantes da área da saúde. Nessa primeira edição é divulgada a pesquisa inédita sobre o panorama do consumo dos medicamentos genéricos no Brasil.
Propostas aprovadas no Seminário:

• Sugestão ao Ministério da Saúde e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para promoção de campanha de educação e esclarecimento, abrangendo todos os profissionais de saúde;
• Solicitação à Anvisa de programa de controle para aumentar o grau de segurança do Genérico;
• Estímulo a testes comparativos e independentes, entre medicamentos genéricos e de marca;
• Mobilização do Conselho Federal de Farmácia para que estimule a participação de profissionais certificados nas farmácias brasileiras, garantindo maior segurança ao consumidor;
• PROTESTE se manifestará junto ao Congresso Nacional para aperfeiçoamento da legislação brasileira sobre patentes de Medicamentos;
• PROTESTE se manifestará junto aos Fóruns Mundiais sobre o aperfeiçoamento da legislação sobre patente de medicamento;
• Sugestão ao Conselho Federal de Medicina campanha de educação e esclarecimento junto aos profissionais para a prescrição dos Genéricos, devendo abranger todos os profissionais de saúde;
• Incentivo a pesquisa de preço, mesmo sendo genérico;
• Campanha para que os consumidores solicitem ao médico, alternativa do genérico em relação ao medicamento prescrito;
• Genéricos devem ser apoiados pelo governo federal, governos estaduais e municipais, Legislativo e Judiciário brasileiros;
• Devem ser produzidos no Brasil por laboratórios e instituições públicas, quando não houver empresas privadas interessadas na sua produção;
• Devem ser tema de graduação, pós-graduação, doutorado e pós-doutorado, com bolsas públicas;
• As entidades de defesa dos direitos do consumidor – públicas e privadas – têm de se unir na defesa dos genéricos;
• É necessária uma campanha de educação e esclarecimento ao consumidor, para que seja parceiro e colaborador na luta pelos genéricos;
• Ações coletivas das entidades de defesa do consumidor devem defender a produção de medicamentos genéricos, ameaçada por ações judiciais;
• É fundamental aproximação com o Judiciário, em defesa dos medicamentos genéricos;
• A PROTESTE fará cartilha e campanha publicitária em parceria com entidades representativas da medicina em prol dos genéricos;
• Contamos com todas as forças representativas da sociedade brasileira, em favor desta mobilização;
• Utilizaremos nossos espaços na mídia para fomentar a discussão do tema;
• Acompanhamento da Agenda Regulatória da ANS para introdução da assistência farmacêutica no setor de saúde suplementar para ampliar o mercado dos genéricos no Brasil.

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