Ouvir uma música, prestar atenção no canto dos passarinhos ou escutar os sons que permeiam o cotidiano parece ser algo banal e comum a todos, mas algumas pessoas não nascem com esse privilégio ou o perde no decorrer da vida. Segundo a Sociedade Brasileira de Otologia, a cada mil crianças nascidas no país, de três a cinco apresentam deficiência auditiva. “Os problemas auditivos também podem ser causados pela exposição a ruídos intensos, doenças degenerativas e infecções”, afirma a otorrinolaringologista Rita de Cássia Cassou Guimarães, que também é otoneurologista e mestre em clínica cirúrgica pela UFPR.
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a perda de audição atinge mais de 15 milhões de pessoas no Brasil. O aparelho auditivo é uma das várias técnicas existentes para recuperar a audição, mas não resolve todos os casos. “Algumas pessoas sofrem com a surdez severa ou total e o aparelho auditivo não é suficiente para corrigir o problema. Para as situações mais graves, depois de passar por um rigoroso processo de avaliação, o recomendado é o implante coclear, também conhecido como ouvido biônico”, esclarece.
O implante coclear é um equipamento eletrônico computadorizado, que estimula o nervo da audição através de impulsos elétricos. Ele é implantado cirurgicamente no paciente e é considerado o recurso mais avançado atualmente para o tratamento da surdez. “Pequenos eletrodos são implantados dentro da cóclea, órgão da audição localizado na parte interna do ouvido, e estimulam a produção de sinais para o cérebro. O ouvido biônico é um aparelho sofisticado, com tecnologia complexa e que traz bons resultados”, aponta.
Duas unidades compõem o implante coclear – a interna e a externa. A interna possui os eletrodos, que irão se conectar a um receptor localizado na região atrás da orelha, que também é implantado cirurgicamente por baixo da pele. Com o receptor também é colocado uma antena e um imã. “O imã serve para fixar a unidade externa na cabeça do paciente e a antena tem a função de captar os sinais elétricos. O receptor atua como um decodificador dos sinais”, destaca a otorrinolaringologista.
A unidade externa é a parte visível do implante e é composta por uma antena trasmissora, um microfone e um processador de fala. O microfone serve para captar o som do ambiente e transmitir para o processador de fala, que por sua vez analisa o som e o transforma em impulsos elétricos que serão enviados até a antena transmissora. “A antena transmite o sinal até ele chegar à unidade interna. Lá o sinal será decodificado e enviado para os eletrodos, que irão estimular o nervo auditivo. Este estímulo é interpretado pelo cérebro como som e o paciente recupera parte da audição”, explica.
Os resultados dependem do histórico de cada paciente. Crianças que nascem com surdez devem ser implantadas o mais precocemente possível pois apresentam ótimos resultados enquanto que adultos com mais de 10 anos de surdez alcançam resultados intermediários, “Pacientes com doenças neurológicas, síndromes ou com má formação na cóclea normalmente apresentam resultados um pouco inferiores. É bom lembrar que outros fatores determinam o sucesso ou insucesso do tratamento como a avaliação das expectativas do paciente e a reabilitação fonoaudiológica pós implante o que demonstra que cada indivíduo deve ser avaliado por uma equipe interdisciplinar”, observa.
Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães (CRM 9009)
Otorrinolaringologista, otoneurologista, mestre em clínica cirúrgica pela UFPR
Telefone: 41-3225-1665
Email: ritaguimaraescwb@gmail.com
Endereço: Rua João Manoel, 304 Térreo, Bairro São Francisco, Curitiba PR.
Nenhum comentário:
Postar um comentário