![]() |
Pacientes fizeram alongamento e exercícios
|
A pesquisa foi realizada com 33 pacientes com diagnóstico de
jogo patológico atendidos pelo Ambulatório de Jogo Patológico
(PRO-AMJO) do Instituto de Psiquiatria (Ipq) do Hospital das Clínicas
(HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). “Todos tinham mais de 18
anos, com média de idade de 47 anos, e não apresentavam patologia
clinica que contra-indicasse a pratica de atividade física”, afirma
Daniela, que realizou os estudos. “A maioria fazia uso de medicação,
principalmente anti-depressivos e estabilizadores de humor”. O tratamento
dos pacientes no PRO-AMJO dura de 12 a 15 semanas e inclui atendimento
médico (consultas mensais ou bimestrais) e psicoterápico (sessões
semanais). Em média, são recebidos seis novos pacientes por mês, e
aproximadamente 30 se encontram em atendimento psicoterápico.
Durante dois meses, duas vezes por semana, os pacientes eram reunidos para fazer alongamento e exercícios aeróbicos — caminhada ou corrida leve — num total de 50 minutos de atividade física supervisionada por Daniela. Antes e depois de cada sessão, era feita a medição da fissura, que indicava a vontade de jogar que o paciente apresentava naquele momento. “Essa medição também foi feita antes do programa de atividade física começar, e após seu encerramento, por meio de uma tabela com uma escala onde o paciente indicava sua vontade de jogar, para verificar a evolução do nível crônico de fissura”, diz a professora.
Na medição antes das sessões de exercícios, a fissura diminuiu de 2,3 para 0,9. Na verificação após a atividade física também houve queda, de 0,8 para 0,1. “A motivação para os exercícios faz com que o nível de fissura seja baixo, ou seja, o desejo de jogar é menor”, afirma Daniela. “O resultado ainda é mais relevante se for levada em conta a fissura sete dias antes do exercício apontada pelos pacientes, que caiu de 16,2 para 5,9”. A pesquisa foi orientada pela professora Mônica Zilberman, da FMUSP.
Comportamento
Os pacientes também foram
avaliados por meio da Escala de Comportamento do Jogo, que inclui os
fatores jogo (sua prática propriamente dita), problema social e
desgaste (estresse emocional).
“Na soma desses fatores, um número menor que 29 significa um quadro de
jogo patológico e uma soma maior que 33 representa remissão completa”,
explica Daniela. “Com o programa de atividade física, conseguimos
fazer os pacientes avançarem na escala de 28 para 38, eliminando o
diagnóstico de jogo patológico.”
Os sintomas de depressão foram avaliados por meio de um questionário com 21 perguntas, cujo resultado varia entre zero e 63 pontos. “Os pacientes com escores acima de 21 pontos possuem depressão clinicamente diagnosticada”, aponta a professora. “Com os exercícios, o índice médio foi reduzido de 23 para 10 pontos, o que representa uma redução significativa nos sintomas de depressão.”
No caso da ansiedade, avaliada de acordo com critérios similares aos
da depressão, a melhora também foi relevante. “A média caiu de 21
pontos, o que representa um quadro significativo de ansiedade, para 10, 9
pontos, ou seja, sem sintomas diagnosticáveis.”
Durante a pesquisa também foram realizadas medições biológicas, envolvendo os níveis de prolactina (relacionada a presença de dopamina no sistema nervoso central, que influencia a vontade de jogar) e cortisol (ligado ao estresse). “Para ambas as substâncias não se verificou alterações relevantes”, observa Daniela, “no entanto, a amostragem é pequena para ser conclusiva, já que apenas 18 pacientes aceitaram fazer estes exames.”
Imagem: Marcos Santos
Mais informações: email danialoppes@usp.br, com Daniela Lopes
Júlio Bernardes
Agência USP
Nenhum comentário:
Postar um comentário