Pacientes com asma que sabem mais sobre a doença, seus sintomas e seus remédios conseguem ter um controle mais eficaz da asma e, como consequência, melhor qualidade de vida. “Conhecer a doença é fundamental no tratamento”, explica a fisioterapeuta Luciene Angelini. Ela conta que a implantação de um programa de educação com automanejo, que enfatize a participação do paciente na automonitorização da doença e no auto-ajuste da medicação, associado a visitas médicas regulares, tem um impacto positivo no controle clinico de asmáticos. “A educação em saúde é um tratamento não medicamentoso que deve ser recomendado e incentivado no manejo das doenças crônicas”, assinala.
Pacientes com asma podem ter melhor qualidade de vida se conhecerem a doença |
Em seu estudo, Avaliação da eficácia do automanejo no controle da asma, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), Luciene trabalhou com três grupos de pacientes. O primeiro não foi submetido ao programa educativo, enquanto o segundo recebeu aulas para entender melhor a técnica inalatória, o que é a doença e seus sintomas, o que pode agravá-la e a diferença entre a medicação de manutenção e a de resgate. O terceiro grupo, além das aulas, realizou a automonitorização da doença, por meio de um diário de sintomas, medidas regulares do pico de fluxo expiratório (aparelho que mede o ar que sai do pulmão) e um plano de ação por escrito para ajuste da terapia medicamentosa.
Os pacientes que receberam as aulas educativas aumentaram o conhecimento sobre a asma e sobre a técnica inalatória em 100% e os pacientes que também realizaram o automanejo atingiram quase 50% no controle da asma, ou seja, tiveram os sintomas, como falta de ar, chiado no peito, tosse e sensação de aperto no peito, diminuídos. “Eles passaram a faltar menos na escola e no trabalho, reduziram o uso de corticóide oral e de medicação de resgate, bem como o número de idas ao serviço de emergência, internações e admissão hospitalar”, destaca Luciene, que completa: “Os sintomas de ansiedade também diminuíram e tudo leva a uma melhora da qualidade de vida.”
A asma é uma doença crônica que não tem cura, mas tem controle quando tratada adequadamente. “A medicação de resgate, por exemplo, ajuda abrir os brônquios no momento de crise, mas não trata a inflamação (doença)”, relata Luciene. Segundo ela, muitas pessoas não sabem que o broncodilatador é medicação de resgate e o usam indiscriminadamente. “Se soubessem para que o medicamento é indicado, tornariam o tratamento mais eficaz”, pondera.
Medidas
Luciene acredita que campanhas educativas de prevenção, promovidas pelos governos, e distribuição de cartilhas nos postos de saúde já ajudariam na explicação da doença e no aumento do conhecimento da asma por quem a possui. Além disso, os próprios médicos poderiam incentivar o paciente a monitorar os sintomas e os pacientes, por sua vez, deveriam questioná-los para tirar suas dúvidas. A busca de informações em sites também é uma ferramenta. No site do Instituto do Coração, por exemplo, é possível acessar a vídeos com informações de como usar inaladores corretamente.
Enquanto a prática da educação em saúde não se torna tão comum, Luciene enumera cinco perguntas básicas que acredita que um paciente com asma deva saber responder: o que é a doença? Quais fatores desencadeantes e/ou irritantes? Quais são os sintomas? Qual a diferença entre o medicamento de manutenção e o de resgate? Como usar os dispositivos inalatórios? “Se elas buscarem estas respostas, conseguirão manejar e melhorar sua doença de forma mais eficaz”, conclui.
A pesquisa foi orientada pelo professor Rafael Stelmach, do Departamento de Pneumologia da FMUSP.
Mais informações: email lucieneangelini@usp.br
Juliana Cruz
Agência USP
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