segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Prontuário eletrônico visa diminuir mortes por erros médicos: Ferramenta digital pretende reduzir erros médicos e auxiliar na detecção de problemas com medicamentos

Já está disponível na internet um prontuário eletrônico capaz de verificar as interações entre medicamentos no ato da prescrição e, com isso, evitar reações adversas nos pacientes. Este único sistema disponível em português no Brasil pode ser acessado no Portal Saúde Direta, desenvolvido no Centro de Incubação de Empresas Tecnológicas (Cietec) da USP. “O prontuário eletrônico surge como uma ferramenta que evita erros médicos, causados pelas interações entre os medicamentos, além de aumentar o tempo destinado à conversa entre o médico e o paciente, e ao correto diagnóstico”, descreve o médico dermatologista e mestre em engenharia biomédica Paulo Celso Budri Freire, responsável pela criação do portal.

De acordo com o médico, “a chance de interação entre medicamentos em um paciente que toma três remédios por dia é de 15%, enquanto em outro que toma seis, sobe para 80% de chance. Com oito remédios, a interação é certa, 100%”. Segundo ele, existem 155 mil interações possíveis, podendo ser leve, moderada ou grave. A leve e moderada, podem causar problemas renais, hepáticos e intoxicação. Já a interação grave necessita internação e pode resultar em morte.


O prontuário eletrônico evitará erros médicos
e auxiliará na detecção de epidemia

Estimativas da Fundação Oswaldo Cruz apontam que cerca de 40% dos pacientes não entendem as prescrições médicas, enquanto cerca de 60% das prescrições contém erros que se referem à dosagem, tempo de uso, nomes de remédios ou má grafia. Segundo a Fundação, os erros médicos relacionados às prescrições representam 24 mil mortes por ano no Brasil, isto sem levar em consideração a auto-medicação e o uso de fitoterápicos no País.

Como funciona
Ao se escrever o nome comercial do medicamento no prontuário eletrônico, o software automaticamente decompõe este medicamento em sua fórmula química e os cruza com os dados dos outros medicamentos para verificar as interações entre os remédios.

A plataforma ainda possui mais de 1.000 protocolos de tratamento e um completo banco de dados de medicamentos (11 mil produtos) que visam auxiliar os médicos nos tratamentos das mais diversas doenças ou necessidades específicas dos pacientes, como por exemplo, a prescrição de antibióticos para grávidas.

As consultas ao site são totalmente gratuitas para pessoas físicas (médicos), sendo que as empresas jurídicas (clínicas e hospitais) devem pagar apenas uma taxa de administração. Com apenas quatro meses de existência o portal já possui dois mil médicos cadastrados, em mais de 170 cidades do brasileiras e conta com mais de 3 mil acessos/mês, no que se refere às interações. Atualmente, o site pode ser utilizado apenas por médicos, mais alguns farmacêuticos clínicos do Hospital São Paulo e do Hospital Albert Einsten já o utilizaram em testes de funcionalidade e aprovaram.

O software pretende evoluir
para um "médico localizador"
O site está hospedado na mesma empresa que hospeda a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), órgão encarregado do Ponto de Troca de Tráfego da internet de todo o País. E possui um eficiente sistema de segurança, com criptografia bancária, contra hackers e invasões. Segurança e confidencialidade de dados estão garantidos.

Utilidade Pública
Com o aumento do uso destes recursos por médicos de todo o País, o Portal Saúde Direta, graças a um banco de dados eficiente, conseguirá monitorar toda a incidência de doenças no Brasil, por intermédio do Código Internacional de Doenças (CID-10) que os médicos utilizam no Prontuário Eletrônico. Qualquer doença crônica, infecciosa e de notificação obrigatória pode ser detectada instantaneamente em qualquer município brasileiro. Com isso, a plataforma auxiliaria o Ministério da Saúde no planejamento das ações de combate às epidemias. “A ferramenta auxiliará o governo brasileiro (Município, Estado e União) em uma Política de Saúde Pública e numa melhor gestão de consumo de medicamentos”, afirma o médico responsável pelo portal.

Além disso, o site está em constante aperfeiçoamento e em breve também poderá indicar para o médico qual é o medicamento que melhor atende o paciente de acordo com seu diagnóstico, idade, sexo, e antecedentes, além de sua capacidade financeira. “Ao escrever no prontuário eletrônico o diagnóstico, o software fornecerá uma lista de medicamentos indicados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Protocolos Clínicos, além do preço de mercado, para o tratamento daquele paciente e os exames laboratoriais necessários”, exemplifica.

Por fim, o portal também pretende auxiliar os médicos em prescrições que levem em conta a intolerância de remédios e proporcionar aos pacientes uma espécie de “médico-localizador”, que consiste em orientar o paciente na busca do médico especialista mais próximo de sua residência. “A ideia é simples: a pessoa colocaria o CEP na nossa plataforma e então nosso banco de dados indicaria o médico mais próximo da residência do paciente e voltado para as suas necessidades”, conclui.

Mais informações: email freire@freirezaini.com.br

Marcelo Pellegrini
Agência USP

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