Centros oncológicos de várias partes do mundo, entre eles os do Hospital Lifecenter e do Hospital das Clínicas da UFMG, acabam de concluir um estudo que testou uma nova substância - o Alpharadin (cloreto de rádio-223) - que em combinação com a radioterapia otimiza o tratamento do câncer de próstata. Um teste realizado com mais de 900 homens, associando o Alpharadin ou placebo ao procedimento habitual, contou com a equipe coordenada em Minas Gerais pelo oncologista André Murad através dos centros de pesquisa do Lifecenter e do Hospital das Clínicas da UFMG disponibilizando quinze pacientes para receberem a substância no decorrer do tratamento. “O resultado foi positivo, tendo em vista que o composto aprimorou os efeitos da radioterapia padrão. Pacientes tratados com a nova droga tiveram uma sobrevida de 14 meses, enquanto aqueles que foram tratados com placebo viveram 11,2 meses”, explica o oncologista.
R.N.F, de 83 anos, foi um dos pacientes que integraram a pesquisa com o uso do Alpharadin. ”Fiz a minha primeira cirurgia há doze anos, a partir do momento em que comecei a fazer as sessões de radioterapia incorporada com esse medicamento, os resultados foram surpreendentes. Continuo realizado sessões, mas hoje já vivo normalmente, sem limitação alguma”. Murad conta que o Alpharadin é indicado principalmente para pacientes em que o tumor já se encontra em fase de metástase óssea.
O câncer de próstata é o segundo tipo de tumor maligno mais comum entre os homens brasileiros, com 52 mil casos registrados somente no ano passado. Na escala mundial, a doença ocupa a sexta posição, de acordo com dados do INCA. O oncologista acredita que o aumento na ocorrência desse tipo de tumor no Brasil pode ser explicado pela melhoria das técnicas de diagnóstico da doença. “A sociedade médica vem investindo cada vez mais em pesquisas que revolucionam os métodos de diagnósticos já existentes e inovando em opções de tratamentos que minimizam as conseqüências (seqüelas) ou até mesmo levam à cura”.
Geralmente, o tumor se desenvolve silenciosamente e de forma lenta, podendo demorar até 15 anos para atingir o tamanho de 1 cm³. Em muitos casos, ele se manifesta efetivamente quando o portador já atingiu a idade avançada. Murad tem participado de vários congressos no exterior, com a presença de oncologistas internacionais, para discutir e compartilhar novas técnicas de tratamento da doença. “Recentemente foram apresentadas outras oportunidades de métodos com resultados eficazes, sobretudo em pacientes em estágios avançados. Os progressos na luta contra o câncer de próstata têm estimulado os pesquisadores a buscar alternativas e aprimoramentos de processos já existentes, além da descoberta de novos medicamentos”.
O acetato de abiraterona é outra substância que surge como esperança de elevar a sobrevida de pacientes que não apresentam melhorias frente aos procedimentos existentes. “O estudo foi realizado com mais de mil homens com câncer de próstata avançada e a ação do medicamento produzido partir de abiraterona obteve efeitos muito positivos. Pacientes tratados com o composto aliado a um esteróide viveram em média 14,8 meses, contra 10,9 meses dos doentes tratados apenas com o esteróide. Além disso, os efeitos colaterais foram poucos se comparados à quimioterapia e à radioterapia”, afirma o especialista.
Existem vários outros métodos inovadores, como a vacina produzida a partir do Sipuleucel-T e que estimula o organismo a produzir defesas contra as células cancerígenas e que em fase de teste aumentou em 18% a chance de sobrevida dos pacientes. Fármacos como o Cabazitaxel e o Docetaxel surgem também como aliados da quimioterapia. “Isso mostra que, na contramão da estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), que prevê um aumento de 40% na ocorrência do câncer de próstata nos próximos 25 anos, está o esforço dos especialistas e pesquisadores na descoberta de medicamentos que acrescentam resultados às técnicas já utilizadas”, conclui Murad.
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