O resultado de uma pesquisa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP traz mais um alerta para a importância de se tratar a Disfunção Temporomandibular (DTM), desordem que envolve os músculos mastigatórios e articulações temporomandibulares. Pacientes com enxaqueca que apresentaram alodínia cutânea (dor a um estimulo não doloroso como, por exemplo, ao escovar ou prender o cabelo, ou ao apoiar a cabeça no travesseiro) referiram sensação de dor ao esfriamento da pele na face e maior frequência de DTM, do que aqueles pacientes com enxaqueca, mas sem alodínia cutânea.
“A alodínia pode ser considerada um marcador da cronificação da enxaqueca. Nossos dados sugerem que a DTM pode desempenhar um papel determinante no aparecimento da alodínia cutânea na face desses pacientes. Portanto, apresentar DTM pode alterar a sensibilidade dolorosa e predispor à alodinia pacientes com enxaqueca”, revela a autora do estudo, a pós-doutoranda Thaís Cristina Chaves, do Curso de Fisioterapia da FMRP. A pesquisa teve a supervisão da professora Débora Bevilaqua Grossi, professora do curso de Fisioterapia, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.
O trabalho Alteração do limiar de dor ao frio no músculo masseter e Disfunção Temporomandibular em pacientes com migrânea com e sem alodínia recebeu o prêmio de melhor apresentação oral do quinto “Congresso do Comitê de Dor Orofacial e no XXIV Congresso Brasileiro de Cefaléia” no início de outubro, em Gramado, Rio Grande do Sul.
Para a avaliação, as pesquisadoras dividiram 47 pacientes, com idade entre 18 e 65 anos, com diagnóstico de enxaqueca em dois grupos, de acordo com parâmetros da Sociedade Internacional de Cefaléia: com e sem alodínia cutânea, mensurada por meio de questionário desenvolvido pelos pesquisadores Marcelo Bigal e Richard Lipton, do Albert Einstein College of Medicine, de Nova Iorque, EUA, colaboradores na pesquisa das brasileiras, e instituição onde foram coletados os dados prévios. As pacientes foram submetidas a um teste que avalia a sensibilização dolorosa, o Quantitative Sensory Testing (QST) que por meio de estimulador térmico submete a pele a estímulos de esfriamento e aquecimento a uma velocidade controlada.
Fisioterapia
Para a professora Débora, esses resultados podem alertar para a importância de se avaliar e tratar a DTM em pacientes com enxaqueca. “O tratamento com fisioterapia pode diminuir a sensibilização desses pacientes e favorecer a redução da intensidade e frequência das crises de dor de cabeça”, comenta.
A professora ainda frisa que é a primeira vez na literatura que se avalia a presença da DTM e alodínia em pacientes com enxaqueca. “Outras pesquisas compararam os valores de sensibilidade dolorosa ao esfriamento e aquecimento da pele em pacientes com e sem DTM, sem considerar a presença de enxaqueca”, explica. O próximo passo é expandir os grupos estudados analisando aspectos que não foram avaliados inicialmente como, por exemplo, a sensibilidade dolorosa da coluna cervical nesses pacientes.
A pesquisa teve apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) foi adquirida pelos pesquisadores uma bolsa pós-doutorado e o equipamento de avaliação sensorial quantitativa (QST), um dos poucos do País, que está alocado no Instituto de Reabilitação Lucy Montoro, anexo ao Hospital das Clínicas da FMRP.
Participaram da pesquisa o professor José Geraldo Speciali e a médica Fabíola Dach, ambos do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da FMRP, além de alunos de graduação e pós-graduação.
Mais informações: (16) 3602.4615, email deborabg@fmrp.usp.br, com a professora Débora Grossi, ou e-mail thaiscchaves@hotmail.com , com Thaís
Rosemeire Soares Talamone, Serviço de Comunicação Social da Coordenadoria do Campus de Ribeirão Preto da USP imprensa.rp@usp.br
Agência USP
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